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O poder do artesanato brasileiro

A presidente do Instituto Cultural e Educacional do Paraguaçu fala do trabalho desenvolvido com artesãs do interior da Bahia e da importância que esse tipo de profissional stem para a moda do país

E de repente, os panos de prato e toalhas de mesa viraram roupas com aval fashion. Nem mesmo as autoras daquela arte imaginavam que os pontos de cruz que decoravam os apetrechos de cozinha poderiam seguir para no armário de gente que aprecia a moda com a identidade criativa do artesanato. Essas bordadeiras vivem no interior da Bahia, no município de Guanambi, que fica a quase 800km de Salvador. Por ali, o ofício de bordar é uma arte que passa por gerações e atrai turistas. Afinal, naquelas bandas, todo mundo sabe criar com linhas e agulhas. 

Foi quando o Ministério do Turismo se associou ao Instituto Cultural e Educacional do Paraguaçu, o InCEP, com sede em Brasília, e reciclou a ideia dessas artistas. Ensinou a elas que as linhas que usavam poderiam colorir roupas. Abriram uma loja, resgataram a autoestima e reavaliaram o valor do próprio talento. À frente do projeto, que chega ao fim nos próximos meses, está a presidente do Instituto, Mábel De Bonis. Ela, que já foi consultora de moda do Sebrae e responsável pela seleção da peças dos estilistas do Capital Fashion Week , vendidas em uma extinta loja em um shopping da cidade, fala sobre o processo de transformar uma rotina artesanal e despretensiosa em lucro, do conceito de moda solidária, da criação fashion em Brasília e de como valorizar o trabalho manual, que torna única uma peça de roupa. 


Qual a proposta do InCEP em relação ao desenvolvimento de projetos na área de moda?
Como escola de moda, nosso projeto é ser um ponto de encontro de profissionais da moda interessados em atualizar conhecimentos, exercitar e desenvolver a criatividade fugindo da cultura da moda, sempre com o olhar técnico e tecnológico. Desenvolvemos a moda com foco em sustentabilidade, desglamorizando um pouco a profissão e, ao mesmo tempo, buscando a excelência técnica e o equilíbrio estético. Temos uma atuação muito forte em grupos de artesanato e pequenos produtores de peças de vestuário, por meio de cursos de modelagem, montagem de peças, pesquisa de moda, desenvolvimento de novos produtos, alinhados às necessidades do mercado consumidor. 

Como surgiu a parceria com o Ministério do Turismo para desenvolver o projeto em Guanambi?
Por meio de interlocutores locais, que identificaram o enorme potencial das artesãs. Elas produzem um dos melhores pontos de cruz do país, além de 11 tipologias artesanais, como macramê, crochê, tricô, matelassê, patchwork, entre muitas outras. O ministério viu ali um potencial fornecedor de peças artesanais de qualidade para os principais destinos turísticos da Bahia.

Como podemos definir o conceito de moda solidária? 
Moda solidária é uma forma de gerar recursos por meio de uma profissão estigmatizada, que aparentemente é propriedade da elite. Na verdade é um grande negócio, o maior empregador do sexo feminino no mundo. Temos um segmento que necessita de profissionais e não exige muitos anos de qualificação formal. Ou seja, com um bom curso, de aproximadamente 300 horas, é possível preparar uma costureira iniciante para o trabalho. Não existem muitas áreas onde isso é possível. Então, temos que usar o potencial de geração de emprego e renda que a moda tem para inserir pessoas em situação de risco social no mercado de trabalho - seja via confecção, seja via agregação de valor com artesanato. São inúmeras as possibilidades de contribuir socialmente em atividades sustentáveis. Vamos fugir dos "projetos coitadinhos" e atuar na profissionalização e inclusão produtiva no mercado de trabalho competitivo real. Se um produto é desenvolvido por uma comunidade carente, devo comprá-lo porque ele é bom, interessante, e não para "ajudar". Essa á a meta. Qualificar para o desenvolvimento de produtos criativos e de qualidade, buscando o apoio de entidades e instituições de fomento para um primeiro momento e construir, junto à comunidade, o compromisso com a independência. Aí está o papel das ONGs, de fazer a interlocução do processo e de apoiar o crescimento sustentável.

Muitas pessoas associam a moda artesanal a produtos com problemas de modelagem, acabamento e até falta de informação de moda. O que você pensa disso?
Penso que sem as modernas técnicas de modelagem e montagem (costura), as peças de vestuário com agregação de valor via artesanato sofrem o impacto da concorrência, tanto na disputa de preços como no design. Mais uma vez, acredito na democratização da informação técnica e tecnológica em iniciativas como a do MTUR em Guanambi.

Para você, qual o valor do artesanato na moda? 
O diferencial que o artesanato de qualidade empresta ao produto é o que vai nos tirar da pasteurização criativa imposta pelas grandes marcas. É através do trabalho artesanal de qualidade que vamos nos reconhecer em nossas peças. Lá, estará impressa em cores fortes nossa raiz cultural única.

Você acha que ainda vale o clichê de que só damos valor ao que vem de fora?
Existe ainda a cultura de esperarmos que mercados mais elitizados validem nosso produto para que nós possamos enxergar nele seu verdadeiro valor, mas acredito na mudança que a contribuição dos novos cursos de moda vão trazer ao segmento. O Brasil é o pais com o maior número de cursos de moda do mundo. O reflexo das novas gerações de designers será visível em poucos anos. Gostaria apenas que os cursos de moda não fossem, em quase esmagadora maioria, voltados à criação apenas. Precisamos de designers sim, mas também de modelistas, engenheiros e chefes de produção, cortadores e costureiras igualmente qualificados.

Considerando sua experiência como consultora de moda do Sebrae, como você avalia a produção de moda por associações e grupos de artesãs e bordadeiras em Brasília? 
Estamos caminhando ainda, esbarrando em problemas, como formação de preço de venda, estratégias de comercialização, planejamento de coleções. Enfim , questões estruturais para o bom desempenho de um grupo. Se não encontramos no grupo as competências necessárias para suprir esses campos do conhecimento é preciso encontrar formas de apoiá-los até que se consiga maturidade necessária para enfrentar a concorrência. Esse é o desafio.

Você foi uma das responsáveis pela criação da loja do Capital Fashion Week, no Liberty Mall, que, aliás, está fechada há tempos. Como você analisa o trabalho dos estilistas que fazem moda em Brasília? Por que é tão difícil para eles produzirem e venderem as peças?
O Brasil ainda não encontrou o melhor modelo de incentivo e apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos. Se um talento local não tem renda para investimento, ele deve arcar com as despesas da coleção e do desfile. Com isso, muitas vezes, o estilista em início de carreira não tem capital para desenvolver uma grade de tamanhos exigida pelo mercado. Como é possível vender apenas as peças de prototipagem? Como atender a pedidos sem uma estrutura organizada de produção para isso? Onde estão as linhas de financiamento com carência para iniciarmos uma nova e criativa empresa?

Por que o projeto da loja do Capital não deu certo?
Deu certo no seu nascedouro, mas as peças de maior resposta de mercado eram as com diferencial artesanal e esse não era o foco dos empreendedores da loja naquele momento.

Quais dicas você daria para quem deseja ganhar dinheiro fazendo moda?
Estude sempre e ouse muito.

Fonte da informação:
Flávia Duarte
Correio Brasiliense
Publicação: 12/02/2012 08:00 Atualização: 10/02/2012 16:16



 

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