13 de abril de 2010
Estado de Minas (MG)
Há cerca de 8,5 milhões de artesãos no país, diz pesquisa. Eles têm faturamento médio mensal de um salário mínimo
Marina Rigueira
Existem no Brasil 8,5 milhões de artesãos, que têm um faturamento médio mensal de um salário mínimo, o que gera uma arrecadação bruta nacional de R$ 52 bilhões ao ano. Esses dados são de pesquisa do Vox Populi, solicitada pelo Central Mãos de Minas/Instituto Centro Cape, com a intenção de medir o impacto do segmento artesanal na economia brasileira. Considerando que o artesanato brasileiro tem adquirido uma importância crescente na recuperação e preservação da cultura popular e principalmente no incentivo ao desenvolvimento econômico, torna-se importante conhecer um pouco mais sobre a realidade desses profissionais da arte.
Para Tânia Machado, presidente da Central Mãos de Minas/Instituto Centro Cape, o maior destaque da pesquisa é que, dessa movimentação nacional, R$ 24 bilhões, ou seja 47%, vêm da compra de matéria-prima da indústria. Desse total, R$ 3,6 bilhões, ou seja, 15%, são gastos na indústria têxtil, R$ 3,4 bilhões em material para acabamento e R$ 2,5 bilhões em gastos com metais.
Outro dado importante é o aumento do faturamento do artesão brasileiro em quase 30%, de 2008 para 2009, que demonstra a preocupação do artesão com custos e organização da produção, já que o valor da matéria prima recuou de 59% para 47%. Tendência também constatada nesses quatro anos é de que os artesãos brasileiros geram mais empregos a cada ano, empregando em média cinco pessoas, sendo que a maioria são parentes.
Ainda de acordo com a pesquisa, o universo artesanal brasileiro continua sendo predominantemente feminino, com 74% dos entrevistados em todo o país, e a idade média dos artesãos está acima dos 40 anos. Os artigos utilitários continuam sendo a maior opção de produção, vindo os de decoração em segundo lugar. E em um país onde não há significativo investimento em educação, destaca-se ainda o fato de 41% dos artesãos brasileiros terem o ensino médio completo, 39% terem finalizado o ensino superior e somente 19% terem até a 8ª série.
Um exemplo de destaque é a artesã mineira Flávia Lúcia Guimarães, 41. Ela é formada em Relações Públicas desde 1992 e, depois de trabalhar 12 anos em empresas de call center e recursos humanos, se enveredou pelo trabalho artesanal. “Trabalhava em uma área muito estressante. Meu trabalho me fazia mal, adoeci por causa da rotina que levava, e busquei uma nova ocupação. A produção de peças de cerâmica em alta temperatura é para mim uma arte terapia”. A artesã explica que sua renda diminuiu em relação à época que trabalhava em sua área de formação e tinha salário fixo, mas ressalta que a melhoria da qualidade de sua vida compensa.
Um número não muito favorável da pesquisa nacional, que está na contramão da realidade mineira, foi a queda de 10% no número de artesãos que exportam, de 23% para 13%. De acordo com Tânia Machado, isso não ocorreu em Minas. “A Central Mãos de Minas/Instituto Centro Cape não sentiu essa realidade nacional. Muito ao contrário, podemos falar em um crescimento de até 30% de exportações mineiras de 2005 a 2009”, afirma.
Fonte da informação: http://www.portaldoeconomista.org.br/noticias/artesanato-gira-r-52-bi-por-ano.html