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Solução jóia

Designer paulistana cria jóias e adereços, a partir de materiais recicláveis, e leva uma mensagem de preservação ambiental

Enquanto o mundo não sabe mais o que fazer com todo o lixo que produz, a designer Sonia Coelho faz a sua parte, e dá um destino nobre a alguns materiais recicláveis unindo numa mesma fórmula arte e educação. O seu interesse pelo tema vem desde a infância, quando transformava os mais diversos tipos de materiais em brinquedos, e se consolidou mais tarde com os quadros e outras peças decorativas que criava para sua casa. Seu sonho inicial era as artes plásticas, mas se formou em psicologia e passou a atuar em escolas e empresas coordenando oficinas de arte com materiais recicláveis.

Contratada por prefeituras, fundações e instituições filantrópicas, Sonia ministra cursos de capacitação em acessórios ecológicos e ensina a confecção de seus colares, brincos e pulseiras feitos manualmente a partir de latinhas de refrigerante, papéis de revistas, jornal etc. E foi nesse processo de manipulação de materiais recicláveis, que descobriu seu talento como designer de acessórios e conquistou admiradores no Brasil, e em países como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Espanha.

A idéia de desenvolver acessórios ecológicos surgiu casualmente. “Eu vi uma moça usando um colar de papel. Achei que fosse de cerâmica. Fiquei encantada”, recorda a designer. Em casa, reproduziu o que tinha visto e criou outras formas de miçangas. “Achei que estava inventando algo diferente, até que um artista plástico me disse que a técnica de manipular papel já existia. Tratava-se de uma técnica milenar chinesa chamada quilling.” O que é inovador, no caso, é a reutilização de materiais, a princípio, o papel de revista.

Sonia diz que, na maioria das vezes, as pessoas confundem os materiais. Mas poucos sabem de seu trabalho para encontrar os que utiliza para compor uma peça de forma harmoniosa. “Quem vê gosta, porém, existe um nicho especial que adquire as peças. Independentemente de classe social, são pessoas bem informadas e sensíveis. Esse é o foco do meu trabalho, sensibilizar as pessoas para questões ambientais, principalmente em relação ao consumo e descarte de materiais reutilizáveis; gerar trabalho e renda; e contribuir para o desenvolvimento social”, destaca.

Apesar de serem produzidas de papel, um material vulnerável à água, as peças da designer podem durar anos. “Tenho colares que uso há cinco anos. A pessoa pode até molhar uma peça, mas não deve mergulhá-la na água.”

Só o necessário
Sonia também coordena oficinas de arte com materiais recicláveis. Com isso, proporciona uma nova perspectiva e resgate da dignidade de jovens e adultos excluídos do mercado de trabalho. Além do papel, trabalha com outros materiais, como latinhas de alumínio, mangueiras, retalhos de tecido, papelão, garrafas Pet. Parte do material é obtido por meio de doação. Quando há uma produção em série, ele é adquirido de cooperativas. “Encomendamos o que é necessário e compramos por quilo. Isso gera trabalho e renda”, diz a designer.

Em parceria com a Ong Arte em Pneus, e com oficinas de jóias a partir de correias automotivas e mangueiras de borracha e PVC, a designer desenvolve o Projeto Jaguari. O objetivo é promover a geração de trabalho e renda aos participantes. Eles aprendem a confeccionar diversos acessórios, como brindes para empresas, brincos, chaveiros, colares, pulseiras.

Algumas alunas da designer forneceram colares e pulseiras feitos em papel para as lojas do Greenpeace, e participaram de exposições nos shoppings Iguatemi e Market Place, em São Paulo. “É bacana porque estão conseguindo obter uma renda”. Em contrapartida, Sonia relata que é difícil formar uma cooperativa ou associação. “O processo é lento e as pessoas precisam se dedicar, como em qualquer outro trabalho. Se é uma cooperativa, todos têm que ter horário de trabalho e alcançar um ótimo ponto de qualidade, para, por exemplo, poder exportar”, frisa.

Consciente de que seu trabalho é de formiguinha, a designer gostaria que ele tivesse um impacto maior e atingisse um grande número de pessoas. “Ele não vai resolver os problemas ambientais; não é um remédio para todos os males. A reciclagem de mate-riais também gasta recursos naturais. O ideal seria repensar no consumo, pois geramos muito lixo.”

Na opinião da designer, além da conscientização, esse tipo de trabalho integra as pessoas socialmente e, muitas vezes, ajuda a desenvolver a auto-estima. “Há pessoas que fazem esse trabalho porque ele é terapêutico, estão deprimidas ou se sentem inúteis. Elas ficam felizes, se sentem realizadas em fazer algo que nunca pensaram”, finaliza. (M. A.)

Fonte: http://www.kalunga.com.br/revista/revista_ago08_10.asp

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