DICAS
RESPONSABILIDADE SOCIAL ESTÁ NA MODA
Jornal da Cidade de bauru de 26/10/08
Contribuições positivas das empresas para a sociedade começam a ser percebidas e avaliadas pelo consumidor .
Da Redação/*Com informações da Lettera Comunicação Estratégica
Questões como a responsabilidade social e consciência ambiental permeiam o mundo empresarial e hoje não são mais consideradas apenas como diferencial competitivo dos empreendimentos. Agregar aos produtos o valor das ações que visam o desenvolvimento sustentável – bem-estar social e preservação ambiental - passou a ser pré-requisito para uma imagem positiva das empresas, não importando o segmento ou porte delas.
“A compreensão da relevância da sustentabilidade será o aspecto mais importante de avaliação empresarial deste novo século. O consumo será e terá que ser mais responsável”, avalia Carlos Ferreirinha, diretor presidente da MCF Consultoria, primeira empresa especializada no negócio do luxo da América Latina e com sede em São Paulo. Durante sete anos, Ferreirinha foi diretor de marketing da marca Louis Vuitton no Brasil e foi um dos idealizadores do primeiro MBA em Gestão do Luxo da Américas.
Aparentemente inconciliáveis, o mercado de luxo e os conceitos de consumo consciente, responsabilidade social e ambiental têm se aproximado. O segmento da moda, principalmente, tem se preocupado em aliar a produção de peças exclusivas com a conscientização socioambiental. É o caso de marcas como M.Officer e Carlos Miele, que realizam ações em parceria com a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha, grupo formado por moradoras da comunidade da Rocinha, e a Osklen, que desenvolveu o projeto “E-fabrics”, um selo que identifica os materiais utilizados pela indústria têxtil que respeitam critérios de comércio justo e de desenvolvimento sustentável.
“Algumas marcas da moda estão totalmente envolvidas com o tema da sustentabilidade. A indústria têxtil tem ótimos exercícios sendo feitos nessa direção, do tecido ao corante. Chegará o tempo em que as marcas de luxo também serão julgadas e percebidas pelas contribuições positivas que geram nas pessoas e no mundo, pela visão do comprometimento social”, ressalta o consultor.
Se este conceito já entrou para a agenda da moda dos grandes centros urbanos, também migrou para cidades do Interior. Afinal, a mesma roupa que desfila nas passarelas de lá está nas vitrines de cá. Consciente dessa realidade, a empresária bauruense Tânia Capelini resolveu entrar para o time dos socialmente responsáveis.
Proprietária de uma boutique do segmento do luxo, Tânia lançou na comemoração dos 25 anos de sua loja o projeto “Chance”, nome dado à grife de objetos produzidos por instituições filantrópicas que serão comercializados na loja. Os primeiros produtos da linha são caixas de madeira que funcionam como porta-jóias ou peça decorativa, biquínis e almofadas personalizadas com técnicas de pedraria e bordado.
“O nosso objetivo é valorizar o trabalho de quem faz parte de iniciativas e organizações de inclusão social. As caixas e peças de roupas representam o início do trabalho, mas, já estamos com projeto de ampliação da linha ‘Chance’, que inclua a responsabilidade ambiental também, por meio de produtos feitos com material reciclável”, explica Tânia.
Os primeiros objetos da grife foram produzidos pelo grupo de artesanato da Casa da Fraternidade Santa Rita, de Bauru, instituição filantrópica fundada em 1999 com intuito de promover a inclusão social através de grupos de geração de renda e aprendizado profissional.
Para Cristiane Guereschi Kohlmann, membro do Conselho Fiscal da Casa, a iniciativa da empresária traz benefícios para os dois lados. “O projeto dá visibilidade ao trabalho do grupo de artesanato e agrega o valor da responsabilidade social aos produtos da loja. Além de atrair o consumidor cada vez mais exigente e atento a essas questões, é um exemplo que pode ser seguido por outras lojas do segmento”, ressalta.
Ferramenta importante
Atuante em projetos de educação e comunicação ambiental, a secretária-executiva do Vidágua, Ivy Wiens, acredita que a moda é uma importante ferramenta para conscientização das pessoas. “A moda está presente na vida de todo mundo. Seguindo tendências ou não, todo mundo se veste, é um produto consumido por todos, por isso nós encontramos nela um caminho para chegar às pessoas e sensibilizá-las em relação à questão ambiental, ao consumo consciente”, ressalta.
O instituto já desenvolveu ações com lojistas do Bauru Shopping e atualmente realiza oficinas que ensinam técnicas de confecção e customização de roupas utilizando materiais como algodão orgânico e garrafas PET, matéria-prima que pode ser utilizada no lugar do poliéster.
“Repensar o consumo já é uma ação socioambiental. E esse conceito está cada vez mais presente na moda. Você vê isso nas revistas, nos grandes desfiles como São Paulo Fashion Week. Considerar, na hora da compra, como as peças foram produzidas, as condições de trabalho da mão-de-obra, a matéria-prima, o impacto ambiental da produção é uma forma de conciliar um segmento sempre atrelado ao consumo com as questões de responsabilidade socioambiental”, completa Ivy.
Para Carlos Ferreirinha, diretor presidente da MCF Consultoria, a atitude do consumidor vai ser o diferencial para mudar a postura das empresas. “Cada vez mais, a pergunta ‘de que é feito este produto?’ será utilizada. A resposta tradição, trajetória de sucesso, poder de marca, matéria-prima nobre, qualidade que impressiona, excelência, detalhes, não será mais suficiente. A resposta terá que contemplar aspectos de sustentabilidade”, ressalta.
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